quarta-feira, 16 de março de 2011

Do medo

Quando nasce uma mãe, nascem mil medos avassaladores. Medo de nós mesmas, de não sermos capazes, de não sermos suficientes, de não lhes bastarmos, de não sabermos o que fazer, como fazer, quando fazer, de não conseguir gostar como pensávamos, de amarmos mais do que achamos razoável. Medos que não conseguimos explicar e que nos minam, que nos toldam os movimentos, que nos gelam nos momentos mais cruciais.

E nascem medos ainda mais incompreensíveis, ligados aos bebés que nos caíram nos braços. Medo de os perder, que alguém algum dia lhes faça mal, que não consigamos dar-lhes tudo o que queremos, que eles não venham a ser como gostaríamos.

O meu medo, a coisa que me congela as entranhas, é um medo absurdo, mas foi o medo que me nasceu antes até de nascer a minha filha mais velha. Eu sou a antítese da hipocondríaca. Não ligo nenhuma às minhas mazelas, não quero saber, vou levando sem me preocupar por aí além. Não sou descuidada, mas não invento coisas que não tenho. Acontece que tenho um medo avassalador de... leucemias. Entro em pânico só de pensar que é coisa que um dia nos pode bater à porta. E obrigo-me a varrer da cabeça estes pensamentos, porque fico alterada, nervosa, taquicárdica. Não tenho explicação para isto. Mas o medo de os perder é a coisa mais cruel que já senti. E não faço ideia do que posso fazer para não sentir este medo. Vivo ao máximo todos os dias, dou-lhes tantos beijos quantos posso dar, digo-lhes milhentas vezes que os amo, que são a melhor coisa do mundo, que são a minha coisa mais preciosa... e rezo para que isto baste para os ter comigo sempre, para sempre...


14 comentários:

  1. Como eu te compreendo... padeço do mesmo mal. Até tenho suores frios, cada vez que tenho conhecimento que mais uma criança tem leucemia, ou que, infelizmente, já voou para as estrelas.. é daquelas coisas que também não consigo explicar; e tal como tu, também não sei o que fazer para deixar de sentir este medo..

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  2. Até me fizeste chorar... (mas hj tb estou sensível! lol) Mas eu faço o mesmo! Sempre que estou mais irritada ou falo mais alto, páro, volto a trás e dou-lhes a atenção que estão a pedir! Precisamente porque tenho medo do amanhã, do daqui a bocado... Todas as noites lhes rezo o Anjo da Guarda como se ele ficasse a tomar conta deles enquanto eu durmo. E se me esqueço, fico em pilhas e volto logo atrás...
    Mas que coisa isto de ser mãe! Podia ser só coisas boas!!!

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  3. Sem palavras....acho que nos todas sofremos do mesmo!

    Baci*

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  4. E ser mãe é também isso tudo!
    Como já disse alguém, é aprender a viver com o coração fora do peito...
    bjs

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  5. E ao ler este texto... aiai... É tão dificil ser Mãe, mas é o melhor do meu mundo.

    Sei do que falas quando já tive para perder a minha irmã por causa desse MALDITA doença. Cada um dia é um dia. E fico sempre com o coração e o mundo nas mãos quando Ela tem uma recaída...

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  6. Não sou mãe. Ainda não completei sequer duas décadas mas, apesar disso, e como (quase) todas as mulheres, também desejo ter um filho nos braços, cuidar dele, mimá-lo, educá-lo. E mesmo sem ter experiência no que a este assunto diz respeito, entendo perfeitamente que estes medos tomem conta de qualquer mãe porque eu, mesmo nas minhas condições e longe de ser mãe tão depressa, fico apavorada só de pensar que um dia não vou ser capaz de estar à altura do que eles precisam, do que posso e devo oferecer-lhes, do que se espera com esse papel. Sobretudo, e por aquilo que vejo, medo de estar certa que a educação dada é a mais correcta e de pensar que tenho uns filhos equilibrados, saudáveis, bem-educados e-tudo-aquilo-que-queremos-ver-num-filho e, no fim de contas, estar iludida quanto a isso. Certamente esses receios só se resolvem com muito equilíbrio da parte dos pais, com diálogo, com confiança e repeito por nós e por eles.

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  7. também sofro do mesmo mal...
    e também entro em pânico ao pensar nessa maldita doença até porque quando a Constança nasceu uma amiga travava uma grande luta contra uma Leucemia que não conseguiu vencer!

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  8. Juliana, lembro-me bem da Diva... é impossível não temer aquele "bicho mau"!

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  9. Tb sou mãe e tb tenho imenso medo da Leucemia...é uma doença terrível.

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  10. Ontem, depois de ler este post, fui colocar na cama de grades do meu filho um anjinho da guarda que lhe tinham dado no baptizado e que ainda andava por lá...

    http://vidasdanossavida.blogspot.com

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  11. Eu sou daquelas pessoas que chora só de pensar na morte dos meus pais, da minha irma do meu marido e da minha filha!
    Desde que fui mãe que penso em tudo! Num rapto, num acidente de carro, num atropelamento, num acidente domestico, numa caida à piscina, numa doença dolorosa. Um dia vi uma reportagem na Oprah de uma criança com cancro e acompanham todos os tratamentos dela e iam mostrando, eu nao consegui ver, e mesmo assim o pouco que vi nao me sai da cabeça.
    Não sou uma mãe galinha, não sou protectora demais, deixo a minha filha brincar andar na rua à vontade tendo so os cuidados necessarios!Mas continuo a ter medo porque nunca me hei-de desculpar se alguma coisa acontecer! Nem que seja um pequeno acidente! Não sendo cuidadosa o suficiente, de certeza que nenhuma o é, sinto-me mal so por isso!
    É muito complicado porque so quem é mãe é que sabe!
    Mesmo assim tive muita sorte com ela, sabe onde pode mexer, sabe onde esta proibida de se aproximar, mas mesmo assim pode acontecer, de vez em quando lá se lembra de me contrariar, como é normal e pendura-se nas mesas para chegar a alguma coisa, quer subir escadas(so se eu nao estiver a olhar para ela), isto é uma coisa que eu odeio, ver crianças com 1 ano a subir escadas sozinhos e os pais a acharem piada! A minha esta proibida e sabe disso!!

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  12. 3 Palavrinhas Mágicas:

    Não tenhas medo!

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  13. Me, 6 palavrinhas do demo: tenho um medo que me pelo!

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  14. Não é preciso ir tão longe... Basta o aproximar da época da praia da escola... Eles querem ir e eu não posso/não devo dizer que não... e a ideia deixa-me tão agoniada... E depois chega a carta de confirmação e eu deixo-a ali... em cima da estante do corredor... a criar raízes... até ao último dia... à espera que desapareça...

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