segunda-feira, 19 de março de 2012

Mudei-me!

Hoje, dia do Pai, peguei na bagagem deste blog e mudei-lhe a morada.

A vida continua em www.maedesaltosaltos.blogs.sapo.pt.

(Alterem as ceninhas dos Readers e venham! Vai ser bom!)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Um

Faz hoje um ano que te trouxemos para casa. Moreníssimo (icterícia!), cabelo preto (quem diria...), a cara fotocopiada do teu pai (e da tua madrinha e da tua avó). Um bebé sereno, doce, capaz de me fazer mudar de ideologia.
Sempre achei que só ia ser mãe de meninas. Pancadas, não ligues. Acreditava que teria pelo menos duas e nunca pus sequer a hipótese de vir a ter um rapaz. Quando, na primeira ecografia, o médico apostou que eras um menino, fiquei meio incrédula e não digeri muito bem. O teu pai zangou-se comigo, imagina. Depois adaptei-me e já nem pensei mais no assunto. Eras um rapaz e ia ser igualmente bom. E foi. Tirando que me deste uma gravidez péssima, mas isso é um detalhe. Deste-me um parto santo (se ignorarmos que tiveste que ser mandado sair e que, por ti, acho que ficavas lá até maio), foste logo uma paz de alma que dava gozo cuidar.

E mudaste o meu mundo. Evito comparar-te à tua irmã, mas é impossível. És mais reguila, mais rebelde, mais magrelas e mais mexido. Mas também és mais doce. E mais difícil, o que é bom!

Eu, que sempre sonhei vir a ter um filho aquariano (apesar de ficar bem dizer que não se liga a signos e que não se percebe nada disso, eu acho graça. E sou aquariana e queria ser mãe de um aquariano, pronto), quando fiz contas ao tempo de gravidez e percebi que a tua data prevista para o parto era 19 de janeiro pensei um "por dois dias, pá...". E acreditei sempre que teria um capricórnio, que tu havias de nascer às 38 semanas, como a tua irmã. Mas tu, querido, esperaste até eu não aguentar mais. E esperaste pelo dia em que houvesse vaga no bloco, para seres induzido. E nasceste a 21, primeiro dia de aquário.

Mas nada disto importa. O que importa é que és saudável, és feliz, és amado e tens aqui uma fortaleza onde podes regressar sempre que quiseres. E eu tenho em ti mais um bocado do meu coração. E amo-te tanto, filho...

Parabéns, Dé.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

4 anos

(6h11)

4 anos separam-nos daquele momento em que, acabada de sair de mim, te puseram no meu colo, com os pés virados para mim. Foi a primeira vez que te toquei, ainda branca e por limpar, e te disse Olá, filha. Choraste, claro. Não te achei bonita (os bebés acabados de parir não são bonitos, apesar das versões romanceadas de algumas mães que insistem na teoria). A tua avó, minha parceira de "cela" naquele dia, só chorava e dizia que tu eras perfeitinha. Eu ainda fiquei duas horas a ser alvo de bordados intensos. E fui olhando para ti. Fui pensando em tudo o que tinha para te dizer, em tudo o que queria fazer contigo, em tudo o que te queria ensinar. Fui pensando na tua história de vida (sim, acabada de nascer e já com tanto chão caminhado...). Fui pensando que nada podia ser melhor do que aquilo. Tu eras o meu sonho realizado. A minha menina. Pensei em tudo o que teríamos pela frente e soube que só podia ser assim. Tu estavas destinada a ser minha. E foste minha ali, por umas horas.

Hoje já não és minha. És do mundo. Tens 4 anos e pareces mais velha. Tens conversas de gente crescida e entendes coisas que alguns miúdos de 4 anos não entendem. Fazes birras que me levam ao desespero mas dás os melhores beijos do mundo. És uma super-companheira. Posso levar-te a qualquer lado "de crescidos" (dentro dos limites do razoável, obviamente) que sei que tu aproveitas bem o tempo. Pedes-me passeios, pedes-me histórias, pedes que te ensine a escrever. Faço isso tudo. E mimo-te. És a minha metade perfeita.

O pai é O PAI. Aquele que te ama acima de qualquer coisa. Acima dele, acima de mim, acima do mundo. É o teu companheiro de amendoins e tremoços, o professor de patinagem e de bicicleta (embora ainda não saibas patinar nem andar de bicicleta). E eu amo ver a relação que vocês têm, o amor que vos mantém trancados um ao outro. E espero que dure sempre, mesmo depois dos embates que havemos de ter na vida.

És a nossa menina. E tens 4 anos. Sei que és feliz. E, para mim, isso é o que basta...

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

4 anos (1)

Há 4 anos, toda eu era barriga e incertezas. Angústias várias, medos imensos, algumas ideias genéricas do que seria aquilo de ser mãe, mas estava longe de imaginar...

Quando um filho nos passa pelas entranhas tudo muda. Mesmo. Não há mal que nos toque, não há problema que se agigante diante de nós. Nós somos atmosfera daquela criança, aquela criança é todo o ar que respiramos.

Há 4 anos era quarta-feira. Estava cansada de estar grávida. Tudo o que eu queria era a tua mão na minha, conhecer o cheiro daquele bebé que ainda me habitava o centro, olhar nos olhos aquela pessoa que havia de sair de dentro de mim. Há 4 anos, faltavam 4 dias para nasceres e eu estava longe de imaginar...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Inspiração

Eu considero-me uma mulher igual às outras. Tenho uma família para mimar, uma casa para gerir, um trabalho para fazer (agora são vários trabalhos, mas não importa), amigos com quem gosto de estar, sítios onde gosto de ir, coisas que gosto de fazer. Tenho uma vida a mil à hora e isso nem sempre é bom. Se, por um lado, consigo fazer milhentas coisas em pouco tempo (acho que já aqui desvendei o meu truque: não perder tempo em mudanças de tarefas, não gastar tempo nos intervalos, fazer tudo de seguida, com poucas pausas entre as coisas - e mesmo nas pausas a que me obrigo, por exemplo, para ver um filme no meio de um fim-de-semana de trabalho intenso, as minhas mãos ocupam-se de outras tarefas: crochet, ponto cruz, acabamentos nos meus trabalhos de costura), por outro não consigo contemplar, parar e pensar, não consigo ter muitos momentos de introspecção verdadeira.

Há uns anos conheci uma família que se tem tornado uma grande inspiração para mim. A forma como vivem a sua dinâmica familiar, a forma como se encontram com Deus, a forma simples como vivem tem-me feito repensar uma série de coisas.

Eu sou católica de formação, se assim se pode dizer. Fui educada entre catequeses e missas, fiz todos os sacramentos que podia, até à data (não fui ordenada padre nem me foi dada a extrema-unção, felizmente, e por razões óbvias!). Mas não vivo a religião de uma forma linear. E gostava de o fazer. Não tanto pela religião em si - a mim pouco me dizem os rituais mecanizados, obrigatórios -, mas pela introspecção que ela nos traz. Faz-me falta ir à missa quando me apetece, faz-me falta aquela hora ao domingo de manhã em que sou só eu e Ele, em que conversamos e nos entendemos. A culpa disto é minha. Não é do excesso de trabalho nem de nada do género. É minha. Se eu quiser, facilmente arranjo uma hora para sair de casa e encontrar-me com Ele e comigo. Tem vencido a preguiça.

E é também nesta minha luta que a tal família tem sido influente, sem saber. Eles, que não são católicos e que vivem uma outra realidade, são uma inspiração enorme pela forma honesta como vivem as coisas. São uma inspiração enquanto pessoas: despojados, não se preocupam com o que parecem mas com o que são, vivem em prol dos outros e não de si mesmos. Os filhos são o espelho desta forma tão simples de viver e são uns doces de meninos.

E eu gostava de ser mais assim: mais despojada, mais organizada, mais comprometida com uma coisa que me faz sentir tão bem. É um desafio.

A vocês, Oliveira Cavaco e a vocês, Cavaco Soares, muito, muito obrigada pela inspiração. Já vos disse várias vezes: vocês mudaram a minha vida.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Do sono

Perguntou-me a Triss como é que eu deitava o meu filho: acordado ou depois de o embalar.

Confesso que estranhei a pergunta. Na minha cabeça surgiu um "então mas... embalado??".

Eu tive a sorte de ter uns pediatras pouco complicados e a favor do "simplex". Mesmo que eles fossem complicadinhos, o meu feitio não se coaduna com isso. Eu não sou a mãe que impede os filhos de treparem às árvores com medo que eles caiam. Sou a mãe que lhes põe Betadine nas feridas, se eles caírem.

Quando a minha filha era pequenina, queixei-me à médica do tempo que ela levava a adormecer. Mamava em cima das 20h, eu deitava-a no ovo e punha-a ao pé de nós enquanto jantávamos. Ela berrava o tempo todo. Em cima das 23h dava-lhe de mamar, ela adormecia na mama e eu punha-a na cama. Se ela calhava a acordar no processo, tinha que a pôr na mama novamente, senão ela não se calava.

Quando contei isto à médica a reacção foi: acha que 23h é uma boa hora para um bebé de 4 meses se deitar??

E explicou: devia dar-lhe de mamar às 20h/21h e pô-la na cama, de preferência acordada. E deixá-la adormecer sozinha, por muito que ela chorasse. O pior que podia acontecer era ela chorar um bocado na primeira noite, mais um bocado na segunda e na terceira já teria percebido a mecânica da coisa e havia de adormecer tranquilamente e em pouco tempo.

Pois digo-vos, minhas queridas, ela nem na primeira noite chorou. Soltou um suspiro como quem diz "finalmente percebeste o que eu queria!", ajeitou-se e adormeceu. Assim, sem mais.

Eu aprendi a lição. E a partir daí deixei-me de invenções. Nada de "embalamentos" nem de canções nem de mãos dadas até dormir. Há história, beijinho e pronto. Adormecem tranquilos, serenos e sossegados.

[A mais velha começa agora a complicar, a pedir para ficar mais um pouco acordada, a pedir que fique lá com ela um bocadinho. Umas vezes cedo, outras não. Ainda assim, faço questão que seja ela a gerir o seu sono e não nos temos dado mal com isso.]



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Questão de coração

Não importa quantos filhos tens. Podes ter um ou doze. Ou vinte. Não importa. A primeira vez que um filho te chama "mamã" fica-te cravada no coração, uma impressão a quente que nunca mais se desfaz. Ao primeiro filho é a novidade: é a primeira vez que um ser que te saiu das entranhas chama por ti. Ao segundo filho, não sendo novidade, é igualmente inesquecível: é a primeira vez que aquele ser que te saiu das entranhas chama por ti.

É um clássico: ao primeiro filho o tempo dá para tudo. Para fotografias todos os dias, para um álbum devidamente actualizado, para saber de cor e sem recorrer a auxiliares de memória quantos meses tinha quando se riu, quando cuspiu pela primeira vez, quando pegou pela primeira vez num peluche. A partir daí a coisa diminui drasticamente. As fotografias são em muito menos quantidade. Não sabemos ao certo se começou a palrar com dois ou com sete meses. O primeiro dente apareceu algures entre os seis meses e a entrada para a primária. Não sabemos qual foi a primeira palavras porque agora já temos conversas intermináveis, cheias de palavras.

Isto não quer dizer que se ama menos os filhos seguintes, por oposição aos primogénitos. Quer apenas dizer que o tempo que tínhamos disponível quando tínhamos só um filho é agora ocupado a amar várias pessoas pequenas, a cuidar delas, a garantir que se tornam adultos responsáveis e não perigosos deliquentes. O tempo não estica. O coração das mães, sim.