tag:blogger.com,1999:blog-70788614187290962372024-03-13T15:51:32.883+00:00Mãe de Saltos AltosLénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.comBlogger24125tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-70307938024104953062012-03-19T16:04:00.003+00:002012-03-19T16:04:58.776+00:00Mudei-me!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Hoje, dia do Pai, peguei na bagagem deste blog e mudei-lhe a morada.<br />
<br />
A vida continua em <span style="font-size: large;"><a href="http://www.maedesaltosaltos.blogs.sapo.pt/">www.maedesaltosaltos.blogs.sapo.pt</a></span>.<br />
<br />
(Alterem as ceninhas dos Readers e venham! Vai ser bom!)<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: transparent; border: 0 !important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-84023779807458933722012-01-23T13:23:00.001+00:002012-01-23T13:23:17.633+00:00Um<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Faz hoje um ano que te trouxemos para casa. Moreníssimo (icterícia!), cabelo preto (quem diria...), a cara fotocopiada do teu pai (e da tua madrinha e da tua avó). Um bebé sereno, doce, capaz de me fazer mudar de ideologia.<br />
Sempre achei que só ia ser mãe de meninas. Pancadas, não ligues. Acreditava que teria pelo menos duas e nunca pus sequer a hipótese de vir a ter um rapaz. Quando, na primeira ecografia, o médico apostou que eras um menino, fiquei meio incrédula e não digeri muito bem. O teu pai zangou-se comigo, imagina. Depois adaptei-me e já nem pensei mais no assunto. Eras um rapaz e ia ser igualmente bom. E foi. Tirando que me deste uma gravidez péssima, mas isso é um detalhe. Deste-me um parto santo (se ignorarmos que tiveste que ser mandado sair e que, por ti, acho que ficavas lá até maio), foste logo uma paz de alma que dava gozo cuidar.<br />
<br />
E mudaste o meu mundo. Evito comparar-te à tua irmã, mas é impossível. És mais reguila, mais rebelde, mais magrelas e mais mexido. Mas também és mais doce. E mais difícil, o que é bom!<br />
<br />
Eu, que sempre sonhei vir a ter um filho aquariano (apesar de ficar bem dizer que não se liga a signos e que não se percebe nada disso, eu acho graça. E sou aquariana e queria ser mãe de um aquariano, pronto), quando fiz contas ao tempo de gravidez e percebi que a tua data prevista para o parto era 19 de janeiro pensei um "por dois dias, pá...". E acreditei sempre que teria um capricórnio, que tu havias de nascer às 38 semanas, como a tua irmã. Mas tu, querido, esperaste até eu não aguentar mais. E esperaste pelo dia em que houvesse vaga no bloco, para seres induzido. E nasceste a 21, primeiro dia de aquário.<br />
<br />
Mas nada disto importa. O que importa é que és saudável, és feliz, és amado e tens aqui uma fortaleza onde podes regressar sempre que quiseres. E eu tenho em ti mais um bocado do meu coração. E amo-te tanto, filho...<br />
<br />
Parabéns, Dé.<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: transparent; border: 0 !important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-82732619123212883522011-12-02T12:38:00.001+00:002011-12-02T13:09:23.147+00:004 anos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
(6h11)<br />
<br />
4 anos separam-nos daquele momento em que,
acabada de sair de mim, te puseram no meu colo, com os pés virados para
mim. Foi a primeira vez que te toquei, ainda branca e por limpar, e te
disse Olá, filha. Choraste, claro. Não te achei bonita (os bebés
acabados de parir não são bonitos, apesar das versões romanceadas de
algumas mães que insistem na teoria). A tua avó, minha parceira de
"cela" naquele dia, só chorava e dizia que tu eras perfeitinha. Eu ainda
fiquei duas horas a ser alvo de bordados intensos. E fui olhando para
ti. Fui pensando em tudo o que tinha para te dizer, em tudo o que queria
fazer contigo, em tudo o que te queria ensinar. Fui pensando na tua
história de vida (sim, acabada de nascer e já com tanto chão
caminhado...). Fui pensando que nada podia ser melhor do que aquilo. Tu
eras o meu sonho realizado. A minha menina. Pensei em tudo o que
teríamos pela frente e soube que só podia ser assim. Tu estavas
destinada a ser minha. E foste minha ali, por umas horas.<br />
<br />
Hoje
já não és minha. És do mundo. Tens 4 anos e pareces mais velha. Tens
conversas de gente crescida e entendes coisas que alguns miúdos de 4
anos não entendem. Fazes birras que me levam ao desespero mas dás os
melhores beijos do mundo. És uma super-companheira. Posso levar-te a
qualquer lado "de crescidos" (dentro dos limites do razoável,
obviamente) que sei que tu aproveitas bem o tempo. Pedes-me passeios,
pedes-me histórias, pedes que te ensine a escrever. Faço isso tudo. E
mimo-te. És a minha metade perfeita.<br />
<br />
O pai é O PAI. Aquele que te ama acima de qualquer coisa. Acima
dele, acima de mim, acima do mundo. É o teu companheiro de amendoins e
tremoços, o professor de patinagem e de bicicleta (embora ainda não
saibas patinar nem andar de bicicleta). E eu amo ver a relação que vocês
têm, o amor que vos mantém trancados um ao outro. E espero que dure
sempre, mesmo depois dos embates que havemos de ter na vida.<br />
<br />
És a nossa menina. E tens 4 anos. Sei que és feliz. E, para mim, isso é o que basta...<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: transparent; border: 0 !important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-16361223245569182182011-11-28T23:35:00.001+00:002011-11-28T23:36:02.308+00:004 anos (1)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Há 4 anos, toda eu era barriga e incertezas. Angústias várias, medos
imensos, algumas ideias genéricas do que seria aquilo de ser mãe, mas
estava longe de imaginar...<br />
<br />
Quando um filho nos passa pelas entranhas tudo muda. Mesmo. Não há mal
que nos toque, não há problema que se agigante diante de nós. Nós somos
atmosfera daquela criança, aquela criança é todo o ar que respiramos.<br />
<br />
Há 4 anos era quarta-feira. Estava cansada de estar grávida. Tudo o que
eu queria era a tua mão na minha, conhecer o cheiro daquele bebé que
ainda me habitava o centro, olhar nos olhos aquela pessoa que havia de
sair de dentro de mim. Há 4 anos, faltavam 4 dias para nasceres e eu
estava longe de imaginar...<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: transparent; border: 0 !important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-12550384373717106752011-11-22T10:49:00.001+00:002011-11-22T11:07:42.946+00:00Inspiração<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Eu considero-me uma mulher igual às outras. Tenho uma família para mimar, uma casa para gerir, um trabalho para fazer (agora são vários trabalhos, mas não importa), amigos com quem gosto de estar, sítios onde gosto de ir, coisas que gosto de fazer. Tenho uma vida a mil à hora e isso nem sempre é bom. Se, por um lado, consigo fazer milhentas coisas em pouco tempo (acho que já aqui desvendei o meu truque: não perder tempo em mudanças de tarefas, não gastar tempo nos intervalos, fazer tudo de seguida, com poucas pausas entre as coisas - e mesmo nas pausas a que me obrigo, por exemplo, para ver um filme no meio de um fim-de-semana de trabalho intenso, as minhas mãos ocupam-se de outras tarefas: crochet, ponto cruz, acabamentos nos meus trabalhos de costura), por outro não consigo contemplar, parar e pensar, não consigo ter muitos momentos de introspecção verdadeira.<br />
<br />
Há uns anos conheci uma família que se tem tornado uma grande inspiração para mim. A forma como vivem a sua dinâmica familiar, a forma como se encontram com Deus, a forma simples como vivem tem-me feito repensar uma série de coisas.<br />
<br />
Eu sou católica de formação, se assim se pode dizer. Fui educada entre catequeses e missas, fiz todos os sacramentos que podia, até à data (não fui ordenada padre nem me foi dada a extrema-unção, felizmente, e por razões óbvias!). Mas não vivo a religião de uma forma linear. E gostava de o fazer. Não tanto pela religião em si - a mim pouco me dizem os rituais mecanizados, obrigatórios -, mas pela introspecção que ela nos traz. Faz-me falta ir à missa quando me apetece, faz-me falta aquela hora ao domingo de manhã em que sou só eu e Ele, em que conversamos e nos entendemos. A culpa disto é minha. Não é do excesso de trabalho nem de nada do género. É minha. Se eu quiser, facilmente arranjo uma hora para sair de casa e encontrar-me com Ele e comigo. Tem vencido a preguiça.<br />
<br />
E é também nesta minha luta que a tal família tem sido influente, sem saber. Eles, que não são católicos e que vivem uma outra realidade, são uma inspiração enorme pela forma honesta como vivem as coisas. São uma inspiração enquanto pessoas: despojados, não se preocupam com o que parecem mas com o que são, vivem em prol dos outros e não de si mesmos. Os filhos são o espelho desta forma tão simples de viver e são uns doces de meninos.<br />
<br />
E eu gostava de ser mais assim: mais despojada, mais organizada, mais comprometida com uma coisa que me faz sentir tão bem. É um desafio.<br />
<br />
A vocês, Oliveira Cavaco e a vocês, Cavaco Soares, muito, muito obrigada pela inspiração. Já vos disse várias vezes: vocês mudaram a minha vida.<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: transparent; border: 0 !important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-87412361986700232662011-10-18T16:07:00.001+01:002011-10-18T16:07:15.823+01:00Do sono<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Perguntou-me a Triss como é que eu deitava o meu filho: acordado ou depois de o embalar.<br />
<br />
Confesso que estranhei a pergunta. Na minha cabeça surgiu um "então mas... embalado??".<br />
<br />
Eu tive a sorte de ter uns pediatras pouco complicados e a favor do "simplex". Mesmo que eles fossem complicadinhos, o meu feitio não se coaduna com isso. Eu não sou a mãe que impede os filhos de treparem às árvores com medo que eles caiam. Sou a mãe que lhes põe Betadine nas feridas, se eles caírem.<br />
<br />
Quando a minha filha era pequenina, queixei-me à médica do tempo que ela levava a adormecer. Mamava em cima das 20h, eu deitava-a no ovo e punha-a ao pé de nós enquanto jantávamos. Ela berrava o tempo todo. Em cima das 23h dava-lhe de mamar, ela adormecia na mama e eu punha-a na cama. Se ela calhava a acordar no processo, tinha que a pôr na mama novamente, senão ela não se calava.<br />
<br />
Quando contei isto à médica a reacção foi: acha que 23h é uma boa hora para um bebé de 4 meses se deitar??<br />
<br />
E explicou: devia dar-lhe de mamar às 20h/21h e pô-la na cama, de preferência acordada. E deixá-la adormecer sozinha, por muito que ela chorasse. O pior que podia acontecer era ela chorar um bocado na primeira noite, mais um bocado na segunda e na terceira já teria percebido a mecânica da coisa e havia de adormecer tranquilamente e em pouco tempo.<br />
<br />
Pois digo-vos, minhas queridas, ela nem na primeira noite chorou. Soltou um suspiro como quem diz "finalmente percebeste o que eu queria!", ajeitou-se e adormeceu. Assim, sem mais.<br />
<br />
Eu aprendi a lição. E a partir daí deixei-me de invenções. Nada de "embalamentos" nem de canções nem de mãos dadas até dormir. Há história, beijinho e pronto. Adormecem tranquilos, serenos e sossegados.<br />
<br />
[A mais velha começa agora a complicar, a pedir para ficar mais um pouco acordada, a pedir que fique lá com ela um bocadinho. Umas vezes cedo, outras não. Ainda assim, faço questão que seja ela a gerir o seu sono e não nos temos dado mal com isso.]<br />
<br />
<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; border: 0pt none ! important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-12088144263277385352011-10-12T11:02:00.000+01:002011-10-12T11:02:00.340+01:00Questão de coração<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Não importa quantos filhos tens. Podes ter um ou doze. Ou vinte. Não importa. A primeira vez que um filho te chama "mamã" fica-te cravada no coração, uma impressão a quente que nunca mais se desfaz. Ao primeiro filho é a novidade: é a primeira vez que um ser que te saiu das entranhas chama por ti. Ao segundo filho, não sendo novidade, é igualmente inesquecível: é a primeira vez que aquele ser que te saiu das entranhas chama por ti.<br />
<br />
É um clássico: ao primeiro filho o tempo dá para tudo. Para fotografias todos os dias, para um álbum devidamente actualizado, para saber de cor e sem recorrer a auxiliares de memória quantos meses tinha quando se riu, quando cuspiu pela primeira vez, quando pegou pela primeira vez num peluche. A partir daí a coisa diminui drasticamente. As fotografias são em muito menos quantidade. Não sabemos ao certo se começou a palrar com dois ou com sete meses. O primeiro dente apareceu algures entre os seis meses e a entrada para a primária. Não sabemos qual foi a primeira palavras porque agora já temos conversas intermináveis, cheias de palavras.<br />
<br />
Isto não quer dizer que se ama menos os filhos seguintes, por oposição aos primogénitos. Quer apenas dizer que o tempo que tínhamos disponível quando tínhamos só um filho é agora ocupado a amar várias pessoas pequenas, a cuidar delas, a garantir que se tornam adultos responsáveis e não perigosos deliquentes. O tempo não estica. O coração das mães, sim.<br />
<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; border: 0pt none ! important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-52081397226215571702011-08-24T10:51:00.000+01:002011-08-24T10:51:59.140+01:00Aprender a ser mãe<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">O título é uma falácia. Não se aprende a ser mãe. Não no sentido estrito da palavra. Mas aprende-se com exemplos. Com pessoas que, sem nos quererem ensinar nada, nos mostram, pelo exemplo que dão, caminhos que podem ser felizes.<br />
<br />
Eu aprendi a ser mãe com a minha mãe. Na verdade, ela, como todas as mães, errou muito. Mas, no essencial, não falhou. Nunca me faltou a noção de responsabilidade versus liberdade. Nunca me faltou incentivo para ser eu e para fazer o que eu gostava. Nunca me faltou a crítica. Faltou-me ouvir que havia orgulho em mim. Mas acho que isto era uma questão de tempo, de época. Na minha infância não ouvi ninguém dizer aos filhos os "amo-te" imensos que se ouve hoje em dia e acho que isso foi mau. Mas não me fragilizou.<br />
<br />
A minha mãe ensinou-me que o mimo pode corromper. Eu fui demasiado mimada nalgumas coisas e hoje ressinto-me disso. Mas tenho o discernimento suficiente para perceber isto (e sei exactamente "onde" é que reside este mimo excessivo). <br />
<br />
A minha mãe cometeu erros comigo que eu não quero perpetuar. E evito-os com os meus filhos. Mas ensinou-me coisas valiosas, que procuro eternizar neles. A minha mãe ensinou-me a pensar por mim, a ser autosuficiente e isso é valiosíssimo.<br />
<br />
A minha mãe, que tem qualidades fabulosas (e alguns defeitos insuportáveis) é a melhor mãe do mundo. E faz anos hoje.<br />
<br />
Obrigada por tudo. E parabéns, Mãe.<br />
<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; border: 0pt none ! important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-10348762910974375992011-08-09T11:15:00.001+01:002011-08-09T11:18:08.985+01:00Coisas de miúdos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Quando não temos filhos temos toda uma panóplia de teorias acerca da maternidade. Geralmente, 99% dessas teorias caem por terra no exercício da dita maternidade, quando nos vemos a braços com seres pequeninos que, regra geral, dependem de nós para sobreviver.<br />
<br />
Quando não temos filhos achamos que os nossos filhos nunca farão uma birra no supermercado, nunca exigirão que lhes compremos aquele chupa e aquela boneca e aquele Beyblade, nunca farão birras de sono, nunca dirão que não a nada que os mandemos fazer. E achamos que nunca lhes vamos assentar sequer uma palmada no rabo, porque a negociação vai estar sempre na ordem do dia e eles serão civilizadíssimos (e nós também).<br />
<br />
Assim que eles nascem desce-nos uma qualquer luz que nos faz ver que nada do que jurámos nunca fazer está a salvo. E havemos de nos confrontar com birras de supermercado (daquelas que nos fazem ter vergonha de ser mãe daquela pessoa pequenina). E havemos de ter que dizer que não aos chupas e às bonecas e aos Beyblades ou, pior ainda, havemos de dizer muitas vezes que sim a isso tudo, só para não ter que gerir uma das tais birras de fazer mortos regressar à vida. E resolvemos muitos dos conflitos com uma palmada, que é coisa que não faz mal a ninguém (e que não significa espancamentos de ter que chamar o INEM, bem entendido).<br />
<br />
Juramos que McDonald's só aos 15 anos, saídas à noite só aos 20, namorados ainda mais tarde e nunca por nunca vamos ter um neto nascido quando os nossos filhos tiverem 15 anos. Mas às vezes acontece tudo ao contrário e os nossos filhos são pais adolescentes, atafulham-se de McDonald's e saem à noite a partir dos 14, sendo que nos cabe a nós ficar plantados à porta do Garage até às três da manhã a inventar esquemas para não adormecer por cima do volante, enquanto eles andam lá dentro armados em adultos, de copo na mão, a dançar e a fazer sabe-se lá mais o quê (e eu, pessoalmente, não quero saber... ignorance is a bliss!).<br />
<br />
Não nos passa pela cabeça ter filhos malcriados, que respondem, que confrontam, que não acatam as nossas decisões. Mas temos. E aprendemos a lidar com isso. Não imaginamos que um dia podemos vir a ter uma discussão com eles em que não temos razão, mas temos. E aprendemos a lidar com isso (e a assumir que não temos razão e a pedir desculpas na altura certa).<br />
<br />
Quando não temos filhos achamos que a maternidade é um lago calmo, com patos e peixinhos. Depois percebemos que afinal é um rio cheio de rápidos, onde de vez em quando há pedras que nos fazem ir à água. Com sorte, aprendemos a divertir-nos com isso.<br />
<br />
O que eu acho que ajuda (na maternidade, como na vida) é não nos levarmos demasiado a sério. E não querermos ser campeões de uma competição que na realidade não existe. Toda a gente erra. Os pais erram muito. Os miúdos aprendem também com isso. Quando não lhes escondemos as nossas falhas, quando somos honestos, quando nos mostramos tal como somos e não vestidos de super-heróis, eles aprendem que a vida não é uma coisa cor-de-rosa. E se calhar é também a melhor maneira de não nos desiludirmos enquanto pais, enquanto pessoas, enquanto família. Problemas toda a gente tem. Mas a coisa resolve-se mais facilmente se for vestida de comédia e se deixarmos os dramas para outro cenário...<br />
<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; border: 0pt none ! important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-66197612182013198012011-07-27T12:18:00.001+01:002011-07-27T12:18:52.049+01:00Mãe de Saltos Altos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-jrLFd2wHSy0/Ti_0DLpVmbI/AAAAAAAABQE/WYUOMW04GV0/s1600/Heels.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-jrLFd2wHSy0/Ti_0DLpVmbI/AAAAAAAABQE/WYUOMW04GV0/s320/Heels.JPG" width="320" /></a></div>... Literalmente!<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; border: 0pt none ! important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-46260064197109702522011-06-16T13:01:00.001+01:002011-06-16T13:01:09.936+01:001 filho vs 2 filhos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><b><i>Disclaimer: </i>os meus filhos são dois anjinhos comparados com muito do que vejo por aí. São fáceis de tratar, não dão trabalho por aí além. A minha opinião é estruturada com base nisto. Se tivesse uma (ou duas) "pestes", muito provavelmente pensaria de maneira diferente.</b><br />
<br />
<br />
A nossa vida muda quando temos o primeiro filho. Depois disso, não muda grande coisa. Ou antes, muda, mas não é uma mudança tão acentuada como a anterior. Para mim, a grande decisão prende-se com o 1º filho. Essa sim, implica mudança drásticas: as saídas que acabam, o tempo que escorre por entre os dedos, as preocupações vinda de todo o lado e mais algum... ao 2º filho a coisa já é mais ou menos "mais do mesmo". Não é muito relevante porque tempo já não temos, saídas já não há há décadas e preocupações são o estado normal das cabeças das mães.<br />
<br />
Eu sou filha única e sempre disse que não queria ter só um filho. Não sei o que é ter um irmão, mas sei o que é NÃO ter um irmão e não gosto. Numa tentativa de me darem este mundo e o outro, os meus pais adiaram a chegada de um 2º filho, ele acabou por não vir. Eu não tive este mundo nem o outro e tudo o que eu sempre quis foi um irmão (mas era esquisitinha e pedia um irmão MAIS VELHO, rapaz... coisas de miúda pequena, óbvio). Não quis repetir o erro dos meus pais. Sei que tendo dois filhos é mais difícil gerir as coisas que damos aos dois, mas quero acreditar que eles hão-de sempre preferir ter-se um ao outro do que ter uma bicicleta com mais uma roda (se é que me entendem).<br />
<br />
Esperei 3 anos entre o 1º e o 2º filho. Não foi intencional. Quer dizer, quando a miúda tinha 1 ano e meio começámos a falar no 2º filhos, mas depois íamos casar em Outubro, já agora esperávamos para engravidar já casados, engravidei logo a seguir, perdi o bebé, engravidei novamente logo a seguir (pois, para quem não podia engravidar sem tratamento, 4 gravidezes já é um número avantajado) e nisto calhou o miúdo nascer com a irmã tendo 3 anos e quase 2 meses. Agora, olhando para trás, ainda bem que esperei este tempo todo. Ela já é muito autónoma e eu consigo ter a cabeça mais livre para a atenção que tenho que dar ao bebé.<br />
<br />
<br />
Ciúmes: ela teve. Já lhe passou. Nunca foram muito óbvios, nem nunca fez nada contra o irmão. Simplesmente andou a escolher a dedo as alturas "certas" para as birras que fazia. Depois passou-lhe. A única coisa que não lhe passou - mas que é dela e não tem nada a ver com o irmão - é a alergia a barulhos. Eles dormem no mesmo quarto, mas sua alteza não consegue dormir com barulho. Então implora para não dormir ali, mas tem azar e dorme mesmo. A meio da noite, quando ele abre a goela, ela muda-se para a nossa cama e fica tudo bem - o pediatra "autoriza", portanto é na boa.<br />
<br />
<br />
Ele adora a irmã. Treme cada vez que a vê, agarra-a, ri-se para ela, chama a atenção dela. E ela adora-o. Anda sempre a ver onde é que ele está, dá-lhe beijos, pede para lhe fazer festas e para lhe pegar ao colo e está ansiosa por ele começar a brincar mais com ela.<br />
<br />
<br />
Se ando mais cansada? Obviamente. Até porque ele anda a dar-me umas noites um bocado parvas. Já dormia 12h seguidas e agora dá-lhe para acordar de 2 em 2, só porque sim. Não tem fome, portanto não percebo (quer dizer, percebo: são cólicas, o leite que anda a beber não lhe deve assentar muito bem - a ver na próxima consulta). Mas este meu cansaço passa (bom, vou trabalhar na semana que vem, portanto pode até ser que aumente). Não tarda ele começa a ganhar alguma autonomia e a coisa encarreira.<br />
<br />
<br />
Eu não vejo a maternidade cor de rosa, mas também não a vejo negra. Lido com as coisas sem grandes angústias, à medida que vão surgindo. Continuo certa de que estes dois filhos que tenho são o meu par ideal e não me apetece pôr mais um ao barulho. Para mim, dois filhos chegam e não posso dizer que adorava ter 4 ou 5 filhos, se pudesse.<br />
<br />
Em termos financeiros, os 3 anos de espera foram bons. Ela já não anda de fraldas isso poupa dinheiro. Por outro, já anda na escola e isso leva dinheiro. Ainda assim, não acho que ter um filho seja uma despesona absurda, porque não entro em delírios. As vacinas e o pediatra são caros, sim. Mas tenho a sorte de ter uma mãe com disponibilidade para tomar conta do meu filho até ele ter 3 anos. E não preciso de vestir os miúdos na Girandola, na Petit Patapon e na Gant. Vestem Zara, H&M, Primark, Zippy e coisas que a mãezinha faz (e sim, para os miúdos compensa fazer em vez de comprar, porque o tecido que se gasta é pouco e faz-se tudo à medida das necessidades). Também não tenho alucinações de o miúdo não poder vestir roupa que era da irmã, por isso é normal verem-no vestido de cor de rosa, inclusive na rua (sem exageros, porque não há necessidade disso, mas se houvesse e se a alternativa a não ter roupa para vestir fosse usar t-shirts da Kitty, usaria t-shirts da Kitty sem problema nenhum). <br />
<br />
<br />
Resumindo: faria tudo igual novamente. E não quero ter mais filhos (não quer dizer que daqui a dois ou três anos não me dê a maluca e não me ponha com ideias, mas para já estamos óptimos assim). Quero é criar estes, vê-los crescer, estar cá para eles até eles me darem bisnetos. <br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; border: 0pt none ! important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-55835349860424317452011-04-29T20:39:00.000+01:002011-04-29T20:39:47.456+01:00Limbo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Uma mãe tenta sempre sorrir. Tenta estar por cima de todas as preocupações, não passar nenhuma delas para os filhos. A vida acontece sem os filhos se aperceberem de quão difícil é fazer a vida acontecer. Será mais tarde que começarão a guardar memórias de dificuldades e isso tem um lado bom.<br />
<br />
Uma mãe não pode adoecer. Não pode dar-se ao luxo de se ver limitada numa doença (ou na perspectiva de uma doença) porque tem filhos a depender de si. Uma mãe tem medo que haja um ser malévolo a alimentar-se e a minar as suas entranhas mas para os filhos está tudo como antes. Uma mãe gasta tempo a pensar nos ses... e se morrer, quem toma conta deles? E se morrer, que memórias guardarão eles da mãe com quem tiveram tão pouco tempo de coabitação? E se morrer, o tanto que vai perder do crescimento daquelas pessoas que pôs no mundo e não pôde acompanhar por muito tempo...<br />
<br />
Uma mãe afasta os pensamentos maus, auto-tranquiliza-se, não há-de ser nada, isto não é nada, vais ver. Sacode as más energias para trás das costas e pensa no que vai ser o jantar. Ao longe, o horizonte é o mesmo há dias: a bateria de exames que vai fazer e a perspectiva de que pode estar à beira de uma luta feroz. Ou não é nada e tudo não passou de um susto. <br />
<br />
Uma mãe, apesar de ser a rainha num pedestal para os filhos que tem, é tão mortal quanto as outras pessoas. E isso nem sempre é bom.<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; border: 0pt none ! important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-15534998535057675002011-03-30T00:13:00.000+01:002011-03-30T00:13:13.818+01:00A dobrar<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Ser mãe de um é completamente de ser mãe de dois. Não falo de gémeos, que é uma realidade que só conheço vista de fora. Falo de ter um filho versus ter dois filhos de idades diferentes.<br />
<br />
Ando esgotada. O miúdo não gosta de cafeína, acusa o toque: bebo um café e ele simplesmente faz greve ao sono. Ontem - estúpida! - bebi um capuccino. Não me lembrei de pedir aquilo com descafeínado e foi o descalabro. O miúdo passou a noite a acordar, eu a descabelar-me de sono.<br />
<br />
A miúda anda difícil. Ciúmes, claro. Não a posso levar a lado nenhum que não me faça uma cena. Hoje levei-a ao Chiado e fez várias. Às tantas deixo de ver bem, fica tudo turvo, cortesia da dor de cabeça que entretanto se instala. Testa-me os limites, contradiz tudo o que lhe dizemos, contraria tudo o que lhe mandamos fazer. Anda a esticar a corda. Acontece que a corda não parte. Nunca parte, não é? Ser mãe é nunca deixar a corda partir.<br />
<br />
Fora isto, tudo bem. Mas juro que não estava preparada para que o meu cansaço viesse dela e não dele. Ele é um santo, come e dorme, só refila quando tem fome, nem sequer cede muito ao cansaço do fim do dia. Ela também é uma santa. Mas uma santa com pilhas mais carregadas do que ele. Ela não pára. Adoro tudo nela, mas há dias em que o cansaço é mesmo um enorme adamastor.<br />
<br />
Mas dizia eu: ter um e ter dois... nada a ver. Com um todo o tempo pode ser dedicado àquela pessoa pequenina. E, se a criança for como as minhas (em bebés, que ela em bebé era uma paz), sobra tempo para tudo. Com dois a ginástica é diferente. Ela quer sempre ir à casa de banho quando o irmão está a mamar. Ele de vez em quando chora quando eu lhe estou a dar o almoço a ela. Não se organizam. Cada um puxa para seu lado. E não é fácil. Mas não é impossível. E vou ter saudades, já sei que sim. Mas hoje, só hoje, é um dia demasiado cansativo. Amanhã já passou. E eles são a melhor coisa da minha vida. E não mudava nada, nadinha, em nenhum deles.<br />
<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; border: 0pt none ! important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-10010282319718643652011-03-19T15:13:00.000+00:002011-03-19T15:13:35.825+00:00Pai<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Facto: é impossível ser mãe sem que haja um pai. Saltemos à frente de alternativas igualmente válidas (a adopção sendo mãe solteira, etc.) e fixemo-nos na parte biológica da coisa: para haver um filho é preciso haver uma mãe (que doa metade da carga genética da criança) e um pai (que assegura os restantes 50%).<br />
<br />
Eu não fujo a isto: sou mãe porque há um pai envolvido no processo. E tenho a sorte de ter feito um casting como deve ser e de ter escolhido um pai em condições. Um super-pai, na verdade. Um pai de brinca às bonecas e joga à bola, que se arrasta pelo chão da casa atrás de uma miúda com os níveis de energia muito em cima, que rebola na relva, que a leva a passear, que a ensina a ser uma cidadã consciente (e que lhe dá aulas de reciclagem e de civismo, por exemplo), que se derrete com ela, que se zanga de vez em quando (que o processo educativo não é fácil...), que se desmancha a rir e que chora em igual medida.<br />
<br />
Hoje de manhã, por exemplo. Ela a desejar-lhe um feliz dia do pai assim que acordou e ele lavado em lágrimas. E é nestes momentos que eu confirmo: fiz uma belíssima escolha. E tive uma sorte descomunal em ser escolhida para mãe dos filhos dele.<br />
<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="-moz-background-clip: -moz-initial; -moz-background-inline-policy: -moz-initial; -moz-background-origin: -moz-initial; background: transparent none repeat scroll 0% 0%; border: 0pt none ! important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-58887694206109226102011-03-16T16:52:00.000+00:002011-03-16T16:52:08.613+00:00Do medo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Quando nasce uma mãe, nascem mil medos avassaladores. Medo de nós mesmas, de não sermos capazes, de não sermos suficientes, de não lhes bastarmos, de não sabermos o que fazer, como fazer, quando fazer, de não conseguir gostar como pensávamos, de amarmos mais do que achamos razoável. Medos que não conseguimos explicar e que nos minam, que nos toldam os movimentos, que nos gelam nos momentos mais cruciais.<br />
<br />
E nascem medos ainda mais incompreensíveis, ligados aos bebés que nos caíram nos braços. Medo de os perder, que alguém algum dia lhes faça mal, que não consigamos dar-lhes tudo o que queremos, que eles não venham a ser como gostaríamos.<br />
<br />
O meu medo, a coisa que me congela as entranhas, é um medo absurdo, mas foi o medo que me nasceu antes até de nascer a minha filha mais velha. Eu sou a antítese da hipocondríaca. Não ligo nenhuma às minhas mazelas, não quero saber, vou levando sem me preocupar por aí além. Não sou descuidada, mas não invento coisas que não tenho. Acontece que tenho um medo avassalador de... leucemias. Entro em pânico só de pensar que é coisa que um dia nos pode bater à porta. E obrigo-me a varrer da cabeça estes pensamentos, porque fico alterada, nervosa, taquicárdica. Não tenho explicação para isto. Mas o medo de os perder é a coisa mais cruel que já senti. E não faço ideia do que posso fazer para não sentir este medo. Vivo ao máximo todos os dias, dou-lhes tantos beijos quantos posso dar, digo-lhes milhentas vezes que os amo, que são a melhor coisa do mundo, que são a minha coisa mais preciosa... e rezo para que isto baste para os ter comigo sempre, para sempre...<br />
<br />
<br />
<a href="http://www.mylivesignature.com/" target="_blank"><img src="http://signatures.mylivesignature.com/54488/268/DA6CDA7B97D1B3ECD29E1D9CC779F619.png" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; border: 0pt none ! important;" /></a></div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-28211094261968449682011-03-09T00:13:00.001+00:002011-03-09T00:13:47.469+00:00Do dia da mulher<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Continuo sem perceber porque é que se há-de atribuir UM dia às mulheres. Como se não fossem as mulheres a carregar o mundo às costas. Começa na procriação. Para se gerar um filho não é preciso que a mulher tenha um orgasmo, mas é imperativo que o homem o tenha. Donde, o prazer dela é dispensável, o dele, essencial. Começamos bem, portanto. Depois são nove meses. De poesia e dores no corpo. E o grand finale, onde nasce um ser novo e terminam as horas de sofrimento por que a mulher teve que passar (ignoremos que existe epidural e assumamos que todas as mulheres têm um parto dolorido). Os períodos (coisa fabulosa de que os homens se safaram). O ter que fazer chichi sentada, sendo absolutamente necessária uma casa de banho ou, no limite do desespero, um arbusto bem guardado, coisa que não há por aí aos pontapés.<br />
<br />
Mas, acima de tudo, a Wonder Woman que se espera que todas sejamos. Trabalhar oito horas por dia (pelo menos), pôr e trazer os filhos da escola, dar banhos, fazer jantares, fazer as compras da semana, manter a casa arrumada, mantermo-nos arrumadas, prontas para o que der e vier, não deixar que falte nada em casa, ter a solução para tudo, do Ben-U-Ron para os princípios de febre, ao vinagre para tirar cheiros, à acetona para tirar nódoas de sangue, saber as respostas mais longínquas, para poder ajudar nos trabalhos de casa, conhecer todas as personagens das Winx, do Ben10, do Bob, o Construtor, e não as baralhar. Saber os tamanhos que vestem todas as pessoas que vivem na nossa casa, não esquecer que o marido gosta de meias sem elástico e de gravatas 100% seda, não esquecer que se paga à empregada ao dia 1 de cada mês, tratar de todos os pendentes, sejam as contas do banco ou as marcações de férias, estar sempre disponível para ir com os filhos ao médico, nem que para isso se vire a vida do avesso. Ter que pedir favores para poder ter duas horas por semana com as amigas ou uma tarde para ir às compras. Chegar ao fim do dia com um sorriso, de negligé, fresca e perfumada na cama, à espera do marido que terá, eventualmente, AJUDADO nalgumas das tarefas sem ter efectivamente FEITO nenhuma delas.<br />
<br />
Depois disto tudo dão-nos UM dia em jeito de homenagem, numa de "vá, toma lá uma geribéria que hoje é dia da mulher".<br />
<br />
Caríssimos, que pariu! Merecemos 365 dias de homenagem por ano. Merecemos mimos todos os dias. Merecemos flores todos os dias. Merecemos que, de uma vez por todas, reconheçam que sem a nossa dedicação, a nossa entrega, o nosso desenrascanço, a nossa força de vontade, a nossa destreza, a nossa argúcia, o mundo era uma bela merda de sítio para se viver.<br />
<br />
É por isso que não celebro o dia da mulher. Acho sexista, discriminatório, idiota. É melhor que nada, dizem uns. É uma forma de valorizar, dizem outros. Os homens não têm nenhum dia de homenagem e, ainda assim, o mundo continua, ilusoriamente, a girar à volta deles. </div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-48885678783296581932011-03-05T20:25:00.001+00:002011-03-05T20:25:57.454+00:00O lado B da maternidade<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Ser mãe também é acabar de tomar banho, ir dar de mamar e ficar com o cabelo cheio de bolsado. E, no seguimento dessa mamada, mudar uma fralda enquanto o petiz faz um cocó de esguicho, mesmo em direcção ao pijama acabado de vestir de lavado...</div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-71847469567188463802011-03-01T17:12:00.000+00:002011-03-01T17:12:59.029+00:00Copy paste<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Fazem-me confusão os pais que vivem através dos filhos. Eu explico.<br />
<br />
Contextualizando. Há um programa (hediondo) no Discovery Travel and Living que se chama Toddlers & Tiaras. Para quem não conhece, é um reality show que acompanha concursos de beleza americanos. Para crianças dos 0 aos 14 anos, ou coisa que o valha. Nestes concursos, a norma é as miúdas aparecerem super maquilhadas, com cabeleiras postiças, dentes postiços, pestanas postiças, unhas postiças. Tudo postiço. Tudo enfaixado num suposto glamour das mulheres feitas. Ganha a mais bonita, a mais talentosa, a mais... As grandes impulsionadoras daquilo são as mães. A maioria pesa para cima de 100kg e vê-se claramente que são frustradas porque nunca tiveram corpo para participar num concurso de beleza. Vai daí, toca de atirar para lá as filhas, obrigá-las a ensaiar, a andarem naqueles preparos. Se ganham muito bem, se não ganham ainda ouvem as mães desiludidas com as filhas que não foram as Ultimate Supreme lá do pageant.<br />
<br />
Haverá maior violência do que esta, obrigar os filhos a fazer coisas que as mães gostariam de fazer e que, não importa por que razão, não foram capazes? Os nossos filhos não são a versão Copy-Paste do que nós somos. O facto de eu adorar karate não significa que os meus filhos venham a gostar. E se ele adorar boxe (que é coisa que eu odeio), o que é que eu faço? Proíbo-o de praticar boxe e obrigo-o a vestir um gi e a aprender katas nos quais ele não tem o mínimo interesse? E se ela gostar de futebol e odiar ballet? Eu adorava ter andado no ballet. Nunca andei. Mas não é por isso que vou obrigar a minha filha a andar em pontas. Piano. O que eu adorava ter aprendido piano... mas não, ainda não a inscrevi nas aulas de piano, nem vou fazê-lo até que ela me diga que quer aprender a tocar piano.<br />
<br />
É óbvio que há interesses que os miúdos desenvolvem por verem os pais interessados. Livros, por exemplo. Eu não duvido que a paixão da minha filha pelos livros vem das carradas de livros que há cá em casa e do facto de me ver a ler muitas vezes. Se ela me visse a tocar piano aposto que também queria tocar. Não é o caso. É óbvio que posso estimulá-la e mostrar-lhe as coisas, para que ela decida o que quer. Posso levá-la a um treino de karate e perguntar se quer experimentar. Mas se não quiser não vai ser obrigada.<br />
<br />
Cada pessoa é única, tem a sua própria personalidade. Os pais caem muitas vezes na asneira de achar que os filhos são extensões deles próprios, versões revistas e aumentadas de uma coisa que lhes é familiar. Nada mais errado. E, parece-me, ao puxarmos pelo lado "ela é mesmo igual à mãe" dos miúdos, a única coisa que estamos a fazer é a impedi-los de serem quem são, sem barreiras. E, falo por mim, cá em casa a única barreira que há é a da boa educação. É só disso que não abdico. O resto... eles que sejam o que lhes der na telha, de strippers a neuro-cirurgiões. O que quer que façam, façam-no bem, com empenho e com a certeza de que deram o seu melhor. É só isso que quero: ensiná-los a serem sempre excelentes naquilo que fazem, seja isso o que for. </div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-9773448974554311412011-02-23T17:14:00.000+00:002011-02-24T23:43:11.894+00:00Prioridades<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Tudo muito bonito, só ter olhos para os filhos, não querer saber de nada além dos filhos, anular-se completamente em prol dos filhos. Errado.<br />
<br />
Antes de sermos mães, somos mulheres. E se é verdade que a maternidade ganha toda e qualquer competição, não é menos verdade que quanto melhor estivermos connosco, melhores mães vamos ser. E para isso precisamos de tempo. Para estar em silêncio, para beber um café com uma amiga, para dar uma volta num shopping, para ver um filme, para ler um livro, para tratar das mãos, para um banho de imersão, para o que quer que seja que nos faça sentir melhor. E não é preciso uma eternidade. Num mundo ideal, teríamos todos os dias uma hora para nos dedicarmos só a nós. No mundo real, se conseguirmos essa hora uma vez por semana (ainda que dividida) é óptimo. E é importante aproveitar. Não nos esquecermos de nós, de quem éramos antes de sermos mães. Do que gostávamos, do que fazíamos, do que nos dava prazer e do que nos fazia sentir realizadas. Não é preciso ser um génio para saber que uma mulher cansada, sem tempo para nada, frustrada com o que não consegue fazer no dia a dia, não vai conseguir dar o seu melhor. E sentir isto todos os dias só aumenta a frustração. É por isso que é tão importante não nos esquecermos de nós, a bem da nossa sanidade, da sanidade de quem vive connosco e, acima de tudo, a bem da felicidade dos nossos filhos. Uma mãe que não está bem é uma bomba-relógio capaz de explodir à mínima coisa. E isto está a milhas do que queremos ser para os nossos filhos.<br />
<br />
De maneira que hoje resolvi que já tive "férias" que cheguem. Dei-me um mês de descanso mas agora chega. Portanto agarrei em mim e fui andar e correr. Claro que estou aqui que não me aguento. E sei que me fez melhor à alma do que ao corpo (era tão bom que aqueles 40 minutos se tornassem visíveis já amanhã!). Nada melhor do que fazer isto para me retemperar. É que depois de duas noites péssimas eu já estava em modo bomba-relógio... e, acreditem, não é bonito de se ver!</div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-6554055094691347902011-02-23T16:34:00.001+00:002011-02-23T16:34:34.844+00:00Escrita<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Já se sabe: eu sou pela escrita.<br />
<br />
marianne.notsofast@gmail.com</div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-17531242345231444942011-02-21T18:31:00.000+00:002011-02-21T18:31:49.062+00:00O dia em que uma mãe começa a amar<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Pode ser muito antes de estar sequer grávida. Quer-se muito que um dia exista outro coração a bater-nos no peito e é nesse dia que se começa a amar aquele filho, ainda por existir. Ou no dia em que um risco num teste nos diz que sim, que temos outro corpo dentro do nosso corpo. Ou quando o vemos pela primeira vez, numa ecografia onde tudo o que se vê é uma mancha pequenina dentro de outra mancha.<br />
<br />
Não é preciso ter o filho nos braços. Não é preciso que passem horas, dias, até que apareça este amor. O Amor. O imbatível e inultrapassável amor de mãe. Nada nos arrebata mais do que aquela pessoa pequenina que saiu de dentro de nós. Damos por nós a perdoar coisas graves, a achar graça a ninharias, a preocuparmo-nos com pequenos nadas. Tudo coisas que só o amor de mãe justifica. É por isso que os nossos filhos são sempre os melhores. Podem ser feios, mal educados, pouco inteligentes, fisicamente inaptos mas são sempre os melhores. Eu tenho cá em casa dois exemplares iguais a todos os outros. Mas ela é a miúda mais inteligente que conheço. E ele é o bebé mais doce. São normalíssimos, nem mais bonitos nem mais feios, nem mais espertos nem mais burros. Mas o meu amor de mãe não vê nada disso e bloqueou neste conceito de que eles é que são os maiores. Ainda bem. A bem da preservação da espécie. A bem da sanidade de quem lida connosco e de nós próprios. A bem deles mesmos, que serão sempre amados acima de qualquer coisa, antes de qualquer coisa, apesar de qualquer coisa. Porque no momento em que uma mulher se torna mãe (ainda que isso aconteça apenas no coração) nada se sobrepõe a esse amor. Nada o ultrapassa, nada o substitui, nada o replica. E não há melhor do que o amor de mãe, pois não?</div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-65013284181114164892011-02-18T16:04:00.000+00:002011-02-18T16:04:46.906+00:00Dos limites<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Facto: uma pessoa de vez em quando passa-se, vê tudo turvo e tem que contar de zero a dez, inverter a contagem, respirar fundo, mais fundo ainda, dar meia volta e fingir que não se passou nada. É mais ou menos isto. Ali pelo meio sai um ralhete, um abrir de olhos (leia-se esbugalhar de olhos - e aposto que do lado de lá o pensamento que corre é um "eu não tenho medo de ti") e, de vez em quando, uma palmada.<br />
<br />
Os miúdos testam-nos os limites. É sabido, vem nos livros. Há miúdos que nascem com um post-doc em testar os limites dos pais. Não se sabe onde aprendem aquilo, mas que o fazem, fazem. E há pais que deixam a corda esticar, esticar, esticar... e depois queixam-se. Mas isso é outra conversa.<br />
<br />
A minha está na idade de ver até onde pode ir. Já sabe que não pode ir longe, mas insiste na experimentação. Eu acho bem. De caminho aprende a gerir frustrações. Mas sabe que não tem lá grande sorte. Hoje, por exemplo. Começou logo de manhã a pedir gomas, fartinha de saber que não há gomas de manhã. Posto isto, resolveu retaliar a jogar ao cinquenta-apanha. Lembram-se do que é? Pegar num baralho de cartas e atirá-las todas ao ar. Pois foi o que ela fez. Fui à minha vida que hoje é dia de faxina. Fechou-se na sala, a choramingar. Lá apareceu ao pé de mim a dizer que não queria gomas, que não gostava de gomas, que queria que eu deitasse tudo fora. Disse-lhe que sim, que deitava (também é sabido, também vem nos livros: de vez em quando os pais têm que ceder). Chorou mais ainda, que não gostava mesmo das gomas e que queria aquilo no lixo. E voltou à sala. Passados uns minutos apareceu novamente ao pé de mim, a dizer que antes tinha estado a brincar comigo, que gostava muito de gomas. Perguntou se eu ainda tinha as gomas. Eu disse que não, que tinha feito o que ela pediu. E ela ali ficou, com olhinhos de bambi, a ruminar a coisa. Expliquei que foi ela quem pediu que deitasse as gomas fora. E acho que ela percebeu que tem que ser responsável pelos actos e palavras dela.<br />
<br />
Cá em casa é assim: há regras e as regras são para cumprir. Já nos basta que, lá pelos quinze anos, eles descubram que andaram enganados a vida toda e que as regras, afinal, são para quebrar (mas isto também é outra conversa)...</div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-91136552156077892032011-02-17T19:06:00.000+00:002011-02-17T19:06:33.474+00:00Comigo foi assim<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Escolhi ser mãe. Um dia, há coisa de duas décadas, resolvi que queria ser mãe. Minto. Na verdade, até acho que não escolhi ser mãe. Era incontornável: um dia haveria de ter filhos. E tive. Tinha 28 anos. Foi imprevisto, mas foi imediatamente uma certeza. Uma certeza que hoje me diz coisas como "és a mãe mais linda do mundo" e "amanhã vais-te embora desta casa já!" (e não é bipolar, imaginem se fosse!).<br />
<br />
Não sou uma mãe cutxi-cutxi. Não dou para o peditório das mães fofinhas, cheias de tremeliques quando a cria faz alguma gracinha nova, não a fotografo todos os meses, nos dias em que faz meses (a partir dos dois anos fazem anos, não fazem meses!). Sou uma mãe que ensina mais do que brinca. Que lê, que inventa, que cria, que estimula a imaginação da infanta. Que a deixa rebolar na relva. Que a deixa cair e a ensina a levantar-se (aconteceu hoje de manhã: escorregou e foi de rabo ao chão. Eu ri-me porque a cena teve realmente graça. Ela ameaçou o choro mas acabou a rir comigo. Levantou-se e foi à vida dela). Também sou uma mãe que se passa à quinquagésima vez que ela me chama naquele tom de voz arrastado, "mãããããããiiiin". Sou a mãe que não facilita no por favor, no obrigada, no com licença, no perdão, no bom proveito. Sou a mãe que a leva a parques infantis no verão e a pseudo-parques infantis de shopings no inverno. Que lhe compra livros e mais livros. Que faz desenhos com ela. Que pinta Kittys <i>ad nauseum</i>. Que a deixa chapinhar nas poças de água. E que às vezes não a deixa chapinhar nas poças de água.<br />
<br />
Depois nasceu-me um rapaz. A quem adoro dar beijos, a quem adoro aconchegar no colo, que adoro que adormeça encostado ao meu ombro. Que não sei muito bem como educar, porque ainda agora começámos. Mas hei-de desenrascar-me, tal como com ela. Hei-de descobrir o tom para falar com ele. E o que fazer com ele, para que se sinta feliz. Porque, no limite, é só isso que eu quero: que eles sejam felizes, seja lá como for.</div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-7078861418729096237.post-4811503849403865532011-02-17T17:29:00.000+00:002011-02-17T17:52:55.985+00:00Antes disto tudo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Temos uma vida normal. A nossa. Organizada. E de repente olhamos para uma traquitana com duas janelinhas. E é numa dessas janelinhas que está o resto da nossa vida. Olhamos para aquilo e, instantânea e inexplicavelmente, tudo muda. Nós mudamos. Levamos a mão à barriga e pensamos que está tudo ali. O centro do nosso mundo. Uma missão qualquer. Aquilo que nos vai redimir, perpetuar e colocar de vez no mundo.<br />
<br />
Ou não é nada disto e temos só mais um enjoo avassalador que nos faz maldizer a hora em que um orgasmo tomou conta de nós. </div>Lénia Rufinohttp://www.blogger.com/profile/15016925163131586844noreply@blogger.com4